quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Das suas últimas palavras nasciam as primeiras. Os olhos desconheceram a miséria do coração e partiram em busca do eterno. Compreendeu cada segundo como eternidade do que fica. Brotou tudo o que existe numa única forma de ser. Veio com o tempo num pedaço de saudade e perdeu as dúvidas na breve chama de uma vela que se calou. Olhos vistos nos de outrem e encontrou-se como busca fatal ao que lhe faltava. Achou em si o último suspiro da saudade vindoura do segundo anterior. Sentiu o peito arder em chamas e compreendeu a saudade na permanência profunda de sempre ficar. Olhos os próprios olhos e percebeu o lugar de onde sairiam as lágrimas nos próximos dias. Caminhou com a fé que lhe era própria. Não perdeu, até agora, seus últimos passos.