terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Ao sair o sol, correu ao encontro do nada. Partia sem rumo ou direção. Reconhecia partes profundas do infinito. Sabia todas as dores da alma: estava perdido dentro de si. Distante do presente, representou-se em um passado que não era seu. Sofreu tudo o que via. Queria ter conhecido outro sol sob vaga escuridão. Os próprios sonhos já estavam sem direção. Sentou-se junto ao barco. Distante da água, refletia sobre as direções e as estações. Observou que vivendo um eterno inverno, as sementes plantadas ainda estavam sob o gelo: não morreram. Tomou uma pedra às mãos e a lançou longe. Escutou-se o baque. Mais nada. A reação dos olhos era a mesma constituída pelo coração. Nada mais solitário era do que havia sido. Pensou em partir, todavia, mantivera-se parado frente à alva areia do mar. Por mais de uma vez, o sangue gotejava das mãos. Em cada gota, os sonhos todos e a realidade partiam. Conquistava pensamentos, contudo, as pessoas todas foram embora. Deixaram-se partir sem mesmo oferecer um adeus.