domingo, 26 de julho de 2009

... e quando das suas ultimas palavras, suspirou do que ainda havia em si, e se foi. Mesmo sem saber quais as palavras, supunha um gemido de dor, mais intenso que a sua própria morte. Morreu sem saber verdadeiramente quem era. Na verdade, nunca viveu. Apenas deixou-se levar pela brisa que molhava seu rosto nos momentos distantes do brilho do seu olhar. E se foi. Indo, desistiu de si próprio e carregou na alma as poucas pessoas com quem se viu. Poucos foram os diálogos que compreendeu na sua breve vida. Não soube amar, e assim, morria só, contudo, acompanhado dele mesmo. Sabia bem que era o seu último dia. Seria obvio contar os detalhes da sua morte, mas prefiro narrar os mistérios embutidos na alma que se foi sem levar, se quer, um adeus.
Não sabia perdoar, contudo, morreu perdoando a si próprio pelos males e crimes que cometeu contra ele mesmo.
Hoje apenas avista o mar. Já cansado, crê que morreu, que nada mais pode existir depois do nada. Sua vida morreu... por não ser nada, afogou-se ao mar de suas misérias e reconheceu em cada olhar um pouco do nada que havia em si.
Morreu apenas para que os outros vivessem em paz. Morreu. Não deixou parentes ou amigos. Apenas soube que no ultimo lugar do universo, alguém sem nome o esperava, mas de tanto esperar, fechou os braços e também se foi.
Pobre dor de existir. E o nada foi marchando de encontro a si mesmo e se foi. A única certeza que tenho é que não deixou saudades e nem dor. A outra, é saber que esse homem sou eu.