quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Soneto de Fylinto Elyseo

Soneto
Nasci; logo a meus pais custou dinheiro
O baptismo, que Deos nos dá de graça.
Tive uso de rasão; perdi a graça.
Dei-me a rol; chegou pascoa, dei dinheiro.
Quiz casar com huma moça? Mais dinheiro.
Brinquei com ella? Não briquei de graça;
Que aos nove mezes me custou a graça
Para o mergulhador capa, e dinheiro.
Morreo minha mulher: não lhe achei graça;
E menos graça no arbitral dinheiro
da offerta; que o prior não váe de graça.
Se o ser Christão requer sempre dinheiro
Como cumprem com dar graças de graça
Os que graças nos vendem por dinheiro?
(O Carapuceiro - quarta feira, 7 de fevereiro de 1838, nº 7)
Parece-me que o céu nunca fica claro. É bem verdade, que nas manhãs chuvosas, as nuvens encobrem o céu. Talvez, o meu firmamento seja assim, eternamente minado de uma chuva que nunca cai. Fica a lembrança de dias, onde, as lágrimas nos querem minar dos olhos, mas só gotejamos suor de nossas mãos. Nossos braços cansados esquecem de nosso trabalho, e nossas mãos, já não lembram de nossos desesperos.
O coração conhece quem somos. Tudo o que temos, em matéria de nós mesmos, devemos ao coração.